O coordenador adjunto de comunicação do Ceagesp, Luciano Somenzari, disse nesta sexta-feira (14) que quatro seguranças ficaram feridos a pedradas durante o tumulto na Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo(Ceagesp). Ele afirmou que os seguranças chegaram a atirar para dispersar as pessoas que tentavam invadir um dos prédios administrativos.
Quatro prédios administrativos foram alvo de vandalismo, segundo a PM. O prédio do Departamento de Entrepostos (Depec), na rua oito, foi incendiado. Móveis e equipamentos foram queimados. Por causa do calor do fogo, vidros se estilhaçaram. Manifestantes também incendiaram veículos, caçambas com madeiras.
Segundo Solenzari, o entreposto tinha 70 seguranças no momento em que a manifestação se intensificou, por volta das 10h. Ele diz que 20 agentes particulares estavam no prédio do Depec e tentaram impedir a invasão. Ele relatou que, neste momento, os seguranças chegaram a atirar para tentar evitar a destruição.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, ninguém foi socorrido pelo Samu.
No fim da manhã, o grupo incendiou veículos, caçambas com madeiras e também um galpão na Ceagesp. O tumulto na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo, ocorre um dia após o início da cobrança de estacionamento.
A Ceagesp, companhia ligada ao governo federal, fez uma licitação e a empresa C3V foi contratada por oito anos para "explorar o estacionamento, prover serviços de segurança e organização do fluxo". Ao todo, estão previstos investimento de R$ 25 milhões no período. Em contrapartida, o Entreposto vai ficar com 4% do que for arrecadado com o estacionamento.
Nesta manhã, filas de caminhões se formaram no entorno do maior entreposto de alimentos da América Latina. Passageiros de ônibus que passavam nas imediações da Marginal Pinheiros precisaram descer dos ônibus por causa do congestionamento.
Fogo e tumulto
A Polícia Militar foi chamada pouco antes das 11h para conter o tumulto iniciado no Portão 3. Pouco antes das 13h, agentes da Tropa de Choque lançaram bombas de efeito moral para dispersar o grupo. No horário, o Corpo de Bombeiros relatava que cinco carros da corporação foram deslocados, mas foram impedidos de entrar pelos manifestantes.
O tumulto começou com a depredação de cabines de cobrança e cancelas. Pouco tempo depois, um carro da Ceagesp foi tombado e incendiado. Um grupo também quebrou com a ajuda de um cone o vidro dianteiro de um caminhão. Um dos manifestantes usou um pedaço de madeira para danificar a lataria do caminhão antes de queimá-la.
Parte dos funcionários foi dispensada e parte está cercada na sede, de acordo com a Ceagesp. A C3V, empresa responsável pela cobrança, não se manifestou sobre os atos de vandalismo.
O Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sincaesp) voltou a criticar a tarifa de estacionamento e os problemas de trânsito causados pelas cabines, mas negou qualquer envolvimento com o tumulto.
“Os transtornos no trânsito da região do entreposto apenas confirmam o que o Sincaesp vem alertando: o projeto de alteração viária, no qual está inclusa a cobrança do pedágio, não é viável e não comporta a demanda de movimentação dentro e fora da Ceagesp”, afirmou o sindicado em nota.
Cobrança
O valor da tarifa muda com o tempo de permanência do veículo. Os caminhoneiros pagam de acordo com a quantidade de eixos. Veículos com dois eixos deverão desembolsar R$ 4 por 4 horas. O valor pode chegar a até R$ 50, caso o caminhão fique por mais de 10 horas no estacionamento. Já os caminhões com três a seis eixos pagam entre R$ 5 e R$ 60 (veja abaixo os valores).