
A chuva dos últimos dias elevou o nível do rio Jaguaribe, no trecho que compreende o município de Russas, e destruiu parte das passagens que dá acesso a comunidades ribeirinhas. A população só não está ilhada porque, emergencialmente, canoas realizam o transporte da população. Apesar do imprevisto, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) informou que o volume de chuva até o momento, ainda não foi satisfatório para a recarga dos açudes.
Há duas semanas que a chuva chegou com mais intensidade ao Vale do Jaguaribe. Mesmo com precipitações isoladas, as pancadas d'água têm causado alagamentos nos centros das cidades. Na tarde da última terça-feira o nível de um trecho do rio Jaguaribe, neste município, subiu cerca de um metro, e levou parte da estrada de dá acesso as comunidades da zona rural.
De acordo com o presidente da Associação de Moradores da Comunidade de Pedro Ribeiro, Lindomar de Lima, desde 2009, quando o rio enche a ponto de cortar a passagem, ele coloca uma canoa motorizada, para fazer a travessia de populares. "Cerca de 800 pessoas passam por aqui diariamente. A travessia aqui é gratuita, mas os motociclistas que utilizam a balsa se quiserem contribuir com R$ 1,00 para ajudar na gasolina, é uma ajuda bem vinda", conta.
Promessa
Para o agricultor José Lourdes, morador da comunidade de Macambira, uma ponte foi prometida há 50 anos, mas nunca foi feita. Ainda de acordo com ele, o problema afeta várias comunidades, já que este é o principal acesso ao centro da cidade.
Segundo a Cogerh, o aumento do volume do afluente na região de Russas, não é decorrente da liberação de águas de reservatórios, já que grande parte dele recebeu pouca recarga, mas da própria chuva, que chegou um pouco mais intensa nos últimos dias. O Boletim Informativo emitido pela Cogerh, observa que dos 144 açudes monitorado no Ceará, apenas 36 reservatórios tiveram variação positiva na cota de armazenamento, porém esse aumento não chegou a 1%. Volume total todas as bacias estava cotado em 29% e se manteve durante os últimos meses, devido à diminuição da evaporação. Após as chuvas das últimas semanas esse volume subiu para 30,45%.
As bacias do Curu e dos Sertões de Crateús estão em alerta, por ser as regiões onde há um volume menor nos reservatórios. No Curu os reservatórios estão com apenas 5,47% de sua capacidade total de armazenamento, enquanto nos Sertões de Crateús esse volume é ainda bem menos, com somente 3,49%. Para isso, a Cogerh informou que esta realizando projetos emergências de transposição de águas por meio de adutoras.
Diante do quadro de seca que foi registrado nos últimos dois anos, o final da estação chuvosa passada deixou os reservatórios cearenses com apenas 42,47% de sua capacidade total, ou seja, cerca de 7,9 bilhões m³ de água. No início deste ano os reservatórios contabilizavam 31,25% da capacidade. Com o início da estação chuvosa, a variação entre o volume atual e o volume registrado no começo do ano é de -0.8%, ou seja, o que choveu até agora não deu para cobrir a reserva que foi utilizada nos primeiros meses do ano.
Porém, segundo a Companhia, as chuvas têm conseguido manter a estabilidade do atual nível de reserva hídrica, onde as chuvas têm ajudado a manter a estabilidade do sistema.
As bacias do Alto Jaguaribe e da Serra da Ibiapaba são as que se encontram em melhores condições. A primeira, está com a cota de pouco mais de 1,3 bilhões de m³ (47,47%) e a bacia da Ibiapaba com 55,3 milhões de m³ (40,48%). A Bacia do Média Jaguaribe, onde se encontra o açude Castanhão, soma mais de 2,6 bilhões de m³ (35,52%) onde apenas o Castanhão armazena, desse total, 2,5 bilhões de m³ de água, representando 38,38% de sua capacidade